segunda-feira, 6 de julho de 2009

ADOLESCENTE - DEUSAS , MAS LOUCAS E INSATISFEITAS


Deusas, mas loucas e insatisfeitas



Fiquei analisando os comentários e "fofocas" de adolescentes, que sempre ouço, após grandes festas e shows, deste tipo que reúnem centenas deles e duram mais de uma noite. Antes dos dias do evento, eles e elas ficam ansiosos em ver alguns de seus ídolos no palco ou conhecer gente nova entre os simples mortais.

Acompanhada da euforia dos meninos, aparece a expectativa dos pais quanto aos perigos que seus filhos correm em um lugar cheio de gente, onde pode rolar droga, fora o fato de que estes eventos acabam tarde e as ruas de madrugada não são nada recomendáveis.

Mas depois, passado o fim de semana tão esperado, a maioria dos pais relaxa pois vê seus filhos chegarem em casa sãos e salvos e acreditam não ter mais com o que se preocupar. Quanto aos adolescentes muito pouco se ouve comentar sobre os shows, os cantores, as bandas, as músicas. Normalmente o comentário geral é sobre as disputas entre quem "ficou" mais. Certa vez, um me contou: "-Minha prima disse que ficou com 120 caras nos dois dias do show", a outra disse: "- Minha amiga beijou 74 meninos e acabou pegando herpes".

Aí parti para a matemática. Fiquei imaginando se é possível alguém ficar com 120 pessoas diferentes em duas noites. Se ela gastou 3 minutos com cada um, sem um único intervalo entre um e outro, ela ficou 6 horas beijando(?) ininterruptamente. Não dá tempo nem de saber os nomes dos garotos (também, pra quê?). Seria possível isto? Acho mais possível a outra ter experimentado tantas bocas que acabou pegando herpes.

Interessante é que esta "disputa de recordes" prevalece entre as mulheres. Os números dos homens quase não apareceram, talvez porque para eles seja prática mais comum ficar com mais de uma numa única noite, assim como é mais fácil encontrar 120 meninos dispostos a dar um beijo numa única menina que 120 meninas diferentes dispostas a "passar na mão" de um único menino.

Na verdade, a matemática pouco importa. O que números assustadores podem estar escondendo é o que precisa ser levado em conta. Um comportamento tão compulsivo pode indicar uma série de fatores a serem detectados e, se possível, trabalhados junto aos adolescentes. Que uso estarão estas meninas fazendo de sua sexualidade? Que ganhos e perdas estariam tendo com este comportamento e como seus amigos vêem seus exemplos?

É tão antiga quanto o homem, a necessidade e o desejo do adolescente de se mostrar maduro e independente, mesmo sabendo que não o é. Para alguns, pouco importa com quem passaram a noite, seja conversando, beijando ou fazendo aquilo que cada um possa achar que deve. Não há vínculo com o afeto, há sim um compromisso com a quantidade de pessoas que os cercam.

Para estes, superficialmente, importa mais o que possam estar parecendo ser. E, intimamente, é um comportamento que traz muito sofrimento. A compulsão, de uma maneira geral, esconde uma sensação de vazio e uma insatisfação muito grande, pois retrata uma busca desenfreada de auto-valorização e auto-realização, que com certeza, permanecendo neste caminho, eles não encontrarão.

O que conseguem estas meninas, as que nos assustam com sua matemática, é serem colocadas num pedestal: de deusas, mas loucas. E seus súditos, no fundo, sabem que é melhor não segui-las.