sábado, 11 de julho de 2009

COMO AJUDAR O SEU FILHO A VENCER A TIMIDEZ



Os efeitos da timidez podem prolongar-se por toda a vida
Mui­tos dos adultos que se consideram tímidos sabem que essa timidez os acompanhou desde a infância. Se os pais não ajudarem os filhos, a he­rança da timidez pode durar para toda a vida. As crianças tímidas mui­tas vezes têm notas baixas e são pou­co participativas nas actividades ex­tracurriculares e no normal dar-e-re­ceber que acompanha o crescimen­to. Os seus anos de adolescência po­dem transformar-se num período de isolamento social. Muitas das pes­soas tímidas ficam por casar ou ca­sam-se tarde; outras, casam-se demasiado depressa
É frequente as pessoas tímidas ga­nharem menos que as outras e te­rem empregos de menor responsabi­lidade. Mesmo as que têm aptidões podem ver as suas carreiras preju­dicadas devido a dificuldades em re­lacionarem-se com os outros. E al­guns tímidos podem desenvolver uma dependência em relação ao álcool ou às drogas como forma de defe­sa.
Alguns tímidos são tão introverti­dos que podem precisar de aconse­lhamento profissional. Mas, para a maior parte, o apoio de pais interes­sados pode ajudá-los a ultrapassar esse período de perturbação. Eis o que se recomenda:
Escute e olhe.
Ao visitar uma aula do ensino primário, fui informado de que provavelmente só havia uma ou duas crianças tí­midas naquela sala. Mas o psicólogo identificou muitas mais. Os estudos sugerem que duas em cada cinco crianças são tímidas. O grau varia com a idade. A minha investiga­ção indicou que, no en­sino preparatório, metade dos rapa­zes e 60% das raparigas são tímidos.
Muitas vezes, os pais ou os profes­sores não têm consciência disso. Es­ses garotos disfarçam a sua timidez não participando nas discussões da turma, mantendo-se fora das com­ petições nos campos de jogos e só rindo quando os outros riem. As pessoas tímidas querem passar des­percebidas o mais possível.
Às vezes, a criança tímida pode aparentar ser o oposto do que é. Um número surpreendente de mal-com­portados nas aulas - e muitos adul­tos refilões e agressivos - são de fac­to tímidos. Um dos meninos de um infantário ta­garelava o tempo quase todo. Quan­do não estava a falar, dava pontapés e murros nos companheiros. Só quan­do chegou à adolescência é que os pais perceberam que era tímido e que a agressividade era apenas um disfarce.
Não o rotule.
Comentar «O meu filho é tímido» ou «É o tímido da família» pode ter um efeito contra­producente. As pessoas conhecidas podem passar a tratar a criança de uma forma diferente e reforçar o me­do que ela sente de ter um problema qualquer. Uma das minhas alunas lem­bra-se de a mãe lhe dizer, quando ti­nha 7 anos, que era demasiado re­chonchuda para usar certas roupas. Embora agora, como mulher, este­ja muito mais magra, ainda sente ti­midez em relação à aparência.
Seja compreensivo e não critique.
A criança tímida é criticada a todo o momento - se não por alguém, pelo menos por si própria. As pessoas tímidas são os seus críticos mais severos. Acima de tudo, encoraje-os.
Dê-lhe oportunidades.
As vezes, uma das crianças da família é expansiva, dominando as conversas e actividades familiares, enquanto outra é tímida e retraída. Elogie a criança.
Os meninos tímidos podem ter uma imagem ­ negativa de si mesmos e precisarem de ajuda especial para enfrentar as rejeições. Valorize os pontos fortes do seu filho ou filha.
Peça ajuda.
Muitas vezes, é na escola que a timidez se revela primeiro, e ela é também um sítio importante para a corrigir. Contudo, os professores podem estar demasiado ocupados com os garotos que se portam mal para se interessarem pela criança que não dá nas vistas. Peça ao professor que ajude a fazer o seu filho a sair da concha.
Não convém chamar a atenção da turma para a timidez da criança. Peça ao professor que a incentive a participar nas discussões. Informe o professor dos temas preferidos da criança, acerca dos quais ele a poderá interrogar. Peça-lhe que dê particular atenção aos trabalhos escritos, em que a timidez não é um estorvo.
Aproveite o brincar em casa.
Convide os companheiros de brincadeira dele a virem a vossa casa, em vez de sugerir ao seu filho: «Vai brincar para casa do João.» Peça à criança que responda ao telefone e tome nota dos recados, o que lhe dará prática de lidar com as pessoas, sem ter de as enfrentar cara a cara. Escolha para o seu filho companheiros de brincadeira mais novos. A criança tímida mais velha torna-se naturalmente aquela que as outras esperam que dirija as actividades. Ou encontre uma mãe-galinha.
Faça a criança representar e ensaiar.
O lamento do adolescente tímido é: «Nunca sei o que hei-de dizer!» Ajude o seu filho a «quebrar o gelo» ensaiando aquilo que deve dizer em diferentes situações sociais. Escreva sugestões de «deixas de abertura, componha inclusivamente um guião que ele possa seguir. Insista com ele ou com ela para que ensaie diante de um espelho ou que se treine a olhar para a outra pessoa, olhos nos olhos.
Inscreva-os em actividades.
Clubes e organizações adaptados aos seus interesses podem ajudar as crianças a perder a timidez, estabelecendo uma ligação em que todos se tornam parte de um grupo. Pense em actividades não atléticas, como trabalhos manuais, e programas desportivos, como ginástica. O futebol atrai especialmente, porque o tamanho e as aptidões atléticas são menos importantes que em muitas outras modalidades de equipa. Ao escolher um desporto ou outra actividade, certifique-se de que todos participam e de que a criança tímida não é deixada de fora.
Seja paciente.
Para uma criança vencer a timidez é necessário paciência para a compreender, para a apoiar e para não lhe exigir resultados es­pectaculares. Mas há milhões de adultos que conseguiram libertar-se da timidez. Com a ajuda do amor dos pais, crianças que neste momento se sentem prisioneiras da sua timidez podem ser libertadas para gozarem melhor a plenitude e a esperança que a vida lhes reserva.