
Prevenção da falta de desejo sexual em mulheres
Dificuldades sexuais são comuns tanto em homens como em mulheres. Alguns estudos apontam que 25% a 63% das mulheres e 10 a 52% dos homens apresentam algum problema sexual (1, 2).
A disfunção sexual feminina mais comum é a falta de desejo sexual, que acomete entre 15% a 34% das mulheres (3,4).
O aparecimento deste transtorno associa-se às mudanças históricas do comportamento feminino e determina conseqüências do ponto de vista psicológico, físico e sexual.
As mulheres do século XX, que saíram para trabalhar a partir da Segunda Guerra Mundial, descobriram que eram fortes e suficientemente capazes para disputarem espaço com os homens, no mercado de trabalho.
Até o século XIX, as mulheres costumavam ter muitos filhos, amamentavam, comiam mais alimentos naturais e se movimentavam mais para cuidarem de todos os serviços de casa. As causas de morte femininas, nesta época, eram basicamente: complicações do parto e doenças infecto-contagiosas. Quando entraram "no mundo dos homens", infarto (devido ao estresse e ao sedentarismo), câncer de mama e de útero (devido ao menor número de filhos) e AIDS (após a revolução sexual) passaram a ser causas comuns de mortalidade, entre as mulheres. A entrada "no mundo dos homens" também afetou o tempo disponível para o lazer e o sexo.
A ginecologista e obstetra Marianne Pinotti, pós-graduanda do Departamento de Ginecologia da USP, exemplificando uma das repercussões destas mudanças de hábito, refere que: "o câncer de mama é a doença da mulher moderna, que parou de ter filhos e de amamentar, engordou e tem alimentação inadequada" (5).
Mais estressadas, tornam-se vulneráveis a quadros depressivos e ansiosos, o que pode acarretar pouco cuidado com a alimentação e o sono. Enfraquecimento do organismo e piora da saúde geral, psicológica e sexual são as conseqüências mais imediatas.
Para a falta de desejo sexual, a evitação sexual é uma agravante. Quanto mais se evita, menos vontade se tem de sexo. Muitas dessas mulheres podem estar substituindo o sexo pelo trabalho, pelo cuidado exclusivo com os filhos ou por afazeres domésticos e não perceberem estas substituições. Com isto, muitos parceiros cobram mudança de atitude, de forma não compreensiva para elas, o que contribui justamente para mais evitação sexual.
Muitas dessas mulheres e desses casais procuram ajuda psicoterápica e podem melhorar, à medida que passam a explicitar seus desejos e necessidades a(o) parceira(o) e a estabelecerem estratégias para tornar a relação sexual mais interessante.
Atenção deve ser dada para prevenir a recaída deste problema: mais diálogo entre o casal, mais tempo para momentos íntimos a dois (que não incluam necessariamente contato genital), reservar dias da semana exclusivamente para este fim e ter cuidado para que não se inicie novo "circulo vicioso" (6).
Alimentação mais saudável e equilibrada (rica em verduras, frutas e proteínas e sem gordura saturada), prática rotineira de atividades esportivas, acompanhamento ginecológico preventivo e mais espaço dedicado ao lazer e à convivência familiar também não devem ser esquecidos.
Fonte(s):
• (1) Frank E, Anderson C, Rubenstein D. Frequency of sexual dysfunction in normal couples. New Engl J Med 1978; 299 :111-115.
• (2) Rosen RC, Taylor JF, Leiblum SR, Bachmann GA. Prevalence of Sexual Dysfunction in Women: Results of a Survey Study of 329 Women in an Outpatient Gynecological Clinic. J Sex Marital Ther 1993; 19: 171-188.
• (3) Shokrollahi P, Mirmohamadi M, Mehrabi F, Babaei Gh. Prevalence of Sexual Dysfunction in Women Seeking Services at Family Planning Centers in Tehran. J Sex Marital Ther 1999; 25: 211-215.
• (4) Nathan SG. The Epidemiology of the DSM - III Psychosexual Dysfunctions. J Sex Marital Ther 1986; 12 (4): 267-279.
• (5) Revista Super Saudável. Mulheres têm períodos mais frágeis para a saúde. Santo André (SP); Ano I, número 3, julho/agosto 2001, p.4-5.
• (6) McCarthy BW. Relapse prevention strategies and techniques in sex therapy. J Sex Marital Ther 1993; 19(2): 142-6.
Dificuldades sexuais são comuns tanto em homens como em mulheres. Alguns estudos apontam que 25% a 63% das mulheres e 10 a 52% dos homens apresentam algum problema sexual (1, 2).
A disfunção sexual feminina mais comum é a falta de desejo sexual, que acomete entre 15% a 34% das mulheres (3,4).
O aparecimento deste transtorno associa-se às mudanças históricas do comportamento feminino e determina conseqüências do ponto de vista psicológico, físico e sexual.
As mulheres do século XX, que saíram para trabalhar a partir da Segunda Guerra Mundial, descobriram que eram fortes e suficientemente capazes para disputarem espaço com os homens, no mercado de trabalho.
Até o século XIX, as mulheres costumavam ter muitos filhos, amamentavam, comiam mais alimentos naturais e se movimentavam mais para cuidarem de todos os serviços de casa. As causas de morte femininas, nesta época, eram basicamente: complicações do parto e doenças infecto-contagiosas. Quando entraram "no mundo dos homens", infarto (devido ao estresse e ao sedentarismo), câncer de mama e de útero (devido ao menor número de filhos) e AIDS (após a revolução sexual) passaram a ser causas comuns de mortalidade, entre as mulheres. A entrada "no mundo dos homens" também afetou o tempo disponível para o lazer e o sexo.
A ginecologista e obstetra Marianne Pinotti, pós-graduanda do Departamento de Ginecologia da USP, exemplificando uma das repercussões destas mudanças de hábito, refere que: "o câncer de mama é a doença da mulher moderna, que parou de ter filhos e de amamentar, engordou e tem alimentação inadequada" (5).
Mais estressadas, tornam-se vulneráveis a quadros depressivos e ansiosos, o que pode acarretar pouco cuidado com a alimentação e o sono. Enfraquecimento do organismo e piora da saúde geral, psicológica e sexual são as conseqüências mais imediatas.
Para a falta de desejo sexual, a evitação sexual é uma agravante. Quanto mais se evita, menos vontade se tem de sexo. Muitas dessas mulheres podem estar substituindo o sexo pelo trabalho, pelo cuidado exclusivo com os filhos ou por afazeres domésticos e não perceberem estas substituições. Com isto, muitos parceiros cobram mudança de atitude, de forma não compreensiva para elas, o que contribui justamente para mais evitação sexual.
Muitas dessas mulheres e desses casais procuram ajuda psicoterápica e podem melhorar, à medida que passam a explicitar seus desejos e necessidades a(o) parceira(o) e a estabelecerem estratégias para tornar a relação sexual mais interessante.
Atenção deve ser dada para prevenir a recaída deste problema: mais diálogo entre o casal, mais tempo para momentos íntimos a dois (que não incluam necessariamente contato genital), reservar dias da semana exclusivamente para este fim e ter cuidado para que não se inicie novo "circulo vicioso" (6).
Alimentação mais saudável e equilibrada (rica em verduras, frutas e proteínas e sem gordura saturada), prática rotineira de atividades esportivas, acompanhamento ginecológico preventivo e mais espaço dedicado ao lazer e à convivência familiar também não devem ser esquecidos.
Fonte(s):
• (1) Frank E, Anderson C, Rubenstein D. Frequency of sexual dysfunction in normal couples. New Engl J Med 1978; 299 :111-115.
• (2) Rosen RC, Taylor JF, Leiblum SR, Bachmann GA. Prevalence of Sexual Dysfunction in Women: Results of a Survey Study of 329 Women in an Outpatient Gynecological Clinic. J Sex Marital Ther 1993; 19: 171-188.
• (3) Shokrollahi P, Mirmohamadi M, Mehrabi F, Babaei Gh. Prevalence of Sexual Dysfunction in Women Seeking Services at Family Planning Centers in Tehran. J Sex Marital Ther 1999; 25: 211-215.
• (4) Nathan SG. The Epidemiology of the DSM - III Psychosexual Dysfunctions. J Sex Marital Ther 1986; 12 (4): 267-279.
• (5) Revista Super Saudável. Mulheres têm períodos mais frágeis para a saúde. Santo André (SP); Ano I, número 3, julho/agosto 2001, p.4-5.
• (6) McCarthy BW. Relapse prevention strategies and techniques in sex therapy. J Sex Marital Ther 1993; 19(2): 142-6.