segunda-feira, 6 de julho de 2009

SAÚDE SEXUAL-PREVENÇÃO DA FALTA DE DESEJO SEXUAL EM MULHERES


Prevenção da falta de desejo sexual em mulheres



Dificuldades sexuais são comuns tanto em homens como em mulheres. Alguns estudos apontam que 25% a 63% das mulheres e 10 a 52% dos homens apresentam algum problema sexual (1, 2).

A disfunção sexual feminina mais comum é a falta de desejo sexual, que acomete entre 15% a 34% das mulheres (3,4).

O aparecimento deste transtorno associa-se às mudanças históricas do comportamento feminino e determina conseqüências do ponto de vista psicológico, físico e sexual.

As mulheres do século XX, que saíram para trabalhar a partir da Segunda Guerra Mundial, descobriram que eram fortes e suficientemente capazes para disputarem espaço com os homens, no mercado de trabalho.

Até o século XIX, as mulheres costumavam ter muitos filhos, amamentavam, comiam mais alimentos naturais e se movimentavam mais para cuidarem de todos os serviços de casa. As causas de morte femininas, nesta época, eram basicamente: complicações do parto e doenças infecto-contagiosas. Quando entraram "no mundo dos homens", infarto (devido ao estresse e ao sedentarismo), câncer de mama e de útero (devido ao menor número de filhos) e AIDS (após a revolução sexual) passaram a ser causas comuns de mortalidade, entre as mulheres. A entrada "no mundo dos homens" também afetou o tempo disponível para o lazer e o sexo.

A ginecologista e obstetra Marianne Pinotti, pós-graduanda do Departamento de Ginecologia da USP, exemplificando uma das repercussões destas mudanças de hábito, refere que: "o câncer de mama é a doença da mulher moderna, que parou de ter filhos e de amamentar, engordou e tem alimentação inadequada" (5).

Mais estressadas, tornam-se vulneráveis a quadros depressivos e ansiosos, o que pode acarretar pouco cuidado com a alimentação e o sono. Enfraquecimento do organismo e piora da saúde geral, psicológica e sexual são as conseqüências mais imediatas.

Para a falta de desejo sexual, a evitação sexual é uma agravante. Quanto mais se evita, menos vontade se tem de sexo. Muitas dessas mulheres podem estar substituindo o sexo pelo trabalho, pelo cuidado exclusivo com os filhos ou por afazeres domésticos e não perceberem estas substituições. Com isto, muitos parceiros cobram mudança de atitude, de forma não compreensiva para elas, o que contribui justamente para mais evitação sexual.

Muitas dessas mulheres e desses casais procuram ajuda psicoterápica e podem melhorar, à medida que passam a explicitar seus desejos e necessidades a(o) parceira(o) e a estabelecerem estratégias para tornar a relação sexual mais interessante.

Atenção deve ser dada para prevenir a recaída deste problema: mais diálogo entre o casal, mais tempo para momentos íntimos a dois (que não incluam necessariamente contato genital), reservar dias da semana exclusivamente para este fim e ter cuidado para que não se inicie novo "circulo vicioso" (6).

Alimentação mais saudável e equilibrada (rica em verduras, frutas e proteínas e sem gordura saturada), prática rotineira de atividades esportivas, acompanhamento ginecológico preventivo e mais espaço dedicado ao lazer e à convivência familiar também não devem ser esquecidos.

Fonte(s):


• (1) Frank E, Anderson C, Rubenstein D. Frequency of sexual dysfunction in normal couples. New Engl J Med 1978; 299 :111-115.
• (2) Rosen RC, Taylor JF, Leiblum SR, Bachmann GA. Prevalence of Sexual Dysfunction in Women: Results of a Survey Study of 329 Women in an Outpatient Gynecological Clinic. J Sex Marital Ther 1993; 19: 171-188.
• (3) Shokrollahi P, Mirmohamadi M, Mehrabi F, Babaei Gh. Prevalence of Sexual Dysfunction in Women Seeking Services at Family Planning Centers in Tehran. J Sex Marital Ther 1999; 25: 211-215.
• (4) Nathan SG. The Epidemiology of the DSM - III Psychosexual Dysfunctions. J Sex Marital Ther 1986; 12 (4): 267-279.
• (5) Revista Super Saudável. Mulheres têm períodos mais frágeis para a saúde. Santo André (SP); Ano I, número 3, julho/agosto 2001, p.4-5.
• (6) McCarthy BW. Relapse prevention strategies and techniques in sex therapy. J Sex Marital Ther 1993; 19(2): 142-6.