quinta-feira, 16 de julho de 2009

Saiba mais sobre a depressão pós-parto





Saiba mais sobre a depressão pós-parto
Médicos a consideram como patologia e recomendam tratamento imediato

Ter um filho pode se tornar um dos momentos mais importantes para a mulher. Por mais que a chegada de um bebê seja recompensadora, o momento pode ser difícil e estressante. As mudanças que ocorrem após a chegada do bebê podem deixar as mães tristes, ansiosas ou com medo. Para algumas mulheres, estes sentimentos vão embora rapidamente. Para outras, eles podem permanecer e a mulher ter depressão pós-parto, uma patologia séria que requer tratamento imediato.

A depressão pós-parto é um quadro de humor grave, depressivo, que ocorre logo após o nascimento do bebê. A doença pode ser acometida em até dois anos após o procedimento e está ligada à perinatalidade (período anterior e posterior ao parto). "É um quadro de humor severo, em que a mulher fica triste", explica a psicanalista Vera Iaconelli.

Apesar de comum, a depressão pós-parto não é normal, ocorre entre 15 a 20% e requer tratamento imediato. "A depressão necessita de cuidados psicológicos e psiquiátricos", ensina a especialista. Nos casos identificados, o psiquiatra irá avaliar a necessidade de medicação, já que os tratamentos são diferenciados. O psicólogo irá verificar os motivos que desencadearam o quadro depressivo. "É importante conhecer a história da paciente. Só medicar sem conhecer a causa pode permitir que os sintomas voltem ao fim da medicação", enfatiza.

O tratamento realizado em conjunto com os profissionais ameniza os sintomas e possibilita a cura. Mas a prevenção pode ser obtida desde que a mulher seja acompanhada por um psicólogo durante o pré-natal. "Os médicos que atendem a gestante precisam ter um olhar além da barriga. Deve-se estar atento ao humor e às condições em que a paciente está vivendo a gravidez para o quanto antes acionar uma rede de ajuda, seja o psicólogo ou o psiquiatra, a fim de ajudar na prevenção", afirma. Para a psicóloga, o obstetra deve estar atento à mulher de uma maneira geral, tanto física quanto psicológica.

A profissional esclarece que a tristeza própria dos pós-parto é diferente da depressão, está considerada uma patologia. A identificação é feita pelo obstetra que precisa acionar a rede de saúde. "Uma das dicas é observar o grau de sofrimento vivenciado pela paciente no pós-parto, e se ela precisa de ajuda", enfatiza.

Para ajudar a identificar a patologia, alguns fatores são observados, mas a psicóloga ressalta que, isoladamente, estes sintomas não indicam a depressão. O que deve se ter atenção é quando estão em conjunto. "Mãe do primeiro bebê, situações de penúria social, dificuldades financeiras, gravidez na adolescência, problemas conjugais, bebês com algum tipo de anomalia, gravidez muito esperada e obtida por meio de tratamentos de fertilização e até mesmo a cesariana representam fatores de risco", ensina. Um dos fatores mais fortes é quando a mulher possui histórico de depressões ou de quadros psiquiátricos anteriores à gravidez. A psicóloga alerta que estes sintomas são variáveis e em alguns casos a paciente pode estar inclusa em vários destes apresentados e não ocorrer a patologia.

Vera Iaconelli - Psicanalista e mestre em Psicologia pela USP

Fonte: Agência Unipress Internaciona