segunda-feira, 6 de julho de 2009

ADOLESCENTE - PRESERVAÇÂO DA SAÚDE SEXUAL


Preservação da saúde sexual: como ajudar nossos filhos nessa tarefa?



Os índices de gravidez precoce são altos em todo o mundo. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América publicou que, em 1996, uma em cada dezoito adolescentes deram à luz nesse país. No Brasil, o Ministério da Saúde constatou que os partos de meninas entre 10 e 14 anos aumentou em 31% entre 1993 e 1998, tendo sido feitos 700 mil partos de meninas, de 10 a 19 anos, em 1998.

Em 2000, um estudo americano publicado por Unger e colaboradores concluiu que culturas de origem asiática e branca apresentam números menores de sexo sem proteção do que culturas de origem latina. Segundo esses autores, certos valores culturais inerentes à cultura latina favoreceriam o descuido com o uso de preservativo ou métodos contraceptivos no instante da relação sexual.

A dificuldade de acesso aos conhecimentos em sexualidade - devido à insuficiente possibilidade educacional (escolas) - também pode levar muitas jovens a não usar (ou usar incorretamente) os métodos contraceptivos. Nesse contexto, as meninas estão mais expostas à gravidez precoce e a mídia pode ajudar (e muito) na transmissão dos conhecimentos necessários.

No entanto, sabemos que muitas meninas (mesmo aquelas bem informadas sobre como evitar a gravidez) não usam preservativo no momento da atividade sexual. Nesse caso, a simples informação não é suficiente. Vários impedimentos podem estar gerando esse descuido: imaturidade (biológica e emocional), mitos e conceitos errôneos, família ausente ou desestruturada, fatores emocionais.

Para que esses impedimentos possam ser transpostos e ocorra mudança efetiva na prática sexual de nossas adolescentes, são necessários programas de educação sexual em escolas, elaborados e implementados por profissionais de saúde e educação especializados nessa área.

Diversos estudos comprovam que as meninas que esperam fazer faculdade estão mais motivadas a usar preservativo em seus encontros sexuais para postergar a gravidez precoce nessa fase de suas vidas. Sem essa motivação (perspectiva educacional), as jovens tendem a praticar mais sexo de risco e, como conseqüência, engravidam em maior proporção.

A crença de que engravidar vai "dar significado à vida", por sua vez, está relacionada a características da cultura feminina e é observada em adolescentes de diferentes níveis educacionais e/ou econômicos. Muitas jovens ainda acreditam que ter um filho beneficiaria suas vidas, pelo fato de possibilitar que tenham alguém (bebê) que realmente precise delas ou as ame ou porque favoreceria o relacionamento com o namorado.

Um projeto de vida saudável na adolescência, com atividades que valorizem o bem estar (físico e emocional), favorece a qualidade de vida como um todo e, como conseqüência, a saúde sexual é mais valorizada. A prática rotineira de esportes é um bom exemplo de atividade recomendável.

Esse projeto de vida saudável é individual. O momento "certo" para a iniciação sexual, para que o futuro das meninas não seja prejudicado, depende da discussão entre jovens e adultos (pais, educadores, profissionais de saúde) sobre várias questões:


• Estou preparada para assumir as conseqüências de ficar grávida nessa fase da minha vida?
• Meu relacionamento está amadurecido e com intimidade suficiente para que a atividade sexual seja satisfatória?
• Estou ciente das formas de prevenir uma gravidez indesejada?
• Sinto necessidade pessoal de iniciar minha vida sexual ou estou sendo pressionada pelo meu parceiro ou meu grupo nesse sentido?

A partir desse questionamento, as jovens podem optar por adiar ou não o momento de sua iniciação sexual. O mais importante dessa decisão é que seja estabelecida pelas necessidades das próprias meninas (com autonomia) e que as possíveis conseqüências possam ser assumidas (com responsabilidade).

Fonte(s):


• Revista Seleções Reader''s Digest. Um assunto delicado. Como falar de sexo com seus filhos adolescentes? Por Cláudia Rodrigues. Rio de Janeiro (RJ); junho / 2002. p. 77-82.